Última atualização: maio de 2021
Entenda como funcionam as solicitações de pesquisas em uma diocese italiana
Uma enorme pilha de papéis com e-mails impressos foi o que a funcionária da Diocesi di Bergamo me mostrou. Todos e-mails de brasileiros, argentinos e uruguaios solicitando pesquisa de registros de batismo e casamento de imigrantes italianos.
A Diocese criou um procedimento só para atender a estas solicitações que, na grande maioria dos casos, não especificam o comune de nascimento do italiano tornando a pesquisa contraproducente.
Só na província de Bergamo existem 243 comunes e em cada um deles, quase sempre, mais de duas igrejas. Só no comune de Bergamo existem mais de 15 paróquias! Imaginem a quantidade de tempo para se pesquisar nos livros de todas as paróquias da província de Bergamo. Sem contar que muitas vezes o requerente sequer sabe qual é o ano exato de nascimento do italiano.
É inviável! Por isso a Diocesi di Bergamo agora cobra pela pesquisa e só a faz se o requerente souber o comune de nascimento que é justamente a informação que a maioria dos descendentes de italianos procura.

Não só a Diocesi di Bergamo instituiu um procedimento específico para as pesquisas de imigrantes italianos mas outras também o fizeram, mais especificamente as da região do Veneto. Disponibilizam e-mails específicos para estes casos e cobram pela pesquisa.
Justo. Pesquisa genealógica dá trabalho. Requer tempo e atenção.
Mesmo pagando pela pesquisa, os resultados quase sempre são negativos justamente por não haver dados básicos para que a pesquisa seja feita com eficiência.
Nos documentos brasileiros, quando existe alguma citação da naturalidade do italiano, quase sempre se refere à província e não ao comune de nascimento.
Se você encontrar, em alguma certidão brasileira, a informação de que o italiano nasceu em alguma localidade que é o nome de uma província, pode ter quase certeza de que ele não nasceu no comune com o mesmo nome mas sim em algum comune pequeno da província citada.
Exemplos: Fulano nascido em Vicenza, nascido em Rovigo, nascido em Padova, nascido em Bergamo… São todos nomes de províncias que também são comunes.
Me causou desconforto quando a funcionária da Diocese me mostrou aquela pilha de papéis. Percebi a gravidade do cenário e me senti na obrigação de escrever aqui como os meios de pesquisa estão funcionando na Itália.
Cabe uma orientação: não é correto disparar e-mails para todos os comunes, igrejas e dioceses da província de nascimento do antenato italiano. Esta não é uma forma adequada de se fazer uma pesquisa genealógica. Isso sobrecarrega o trabalho dos funcionários que muitas vezes nem tem a obrigação de fazer pesquisas, como é o caso dos comunes.
Sem falar que, pela quantidade de pedidos, a grande maioria fica sem resposta prejudicando quem realmente tem as informações básicas para que seja solicitada uma pesquisa.
Antes de focar a pesquisa na Itália, deve-se investigar informações em todos os documentos familiares que estiverem ao alcance. Quanto mais informações conseguir a respeito da origem do antepassado italiano, mais eficiente será a pesquisa deste documento na Itália.
Ouvir relatos dos familiares também é essencial. Eles revelam pistas importantíssimas que são essenciais para desenvolver um bom trabalho de pesquisa.
Neste link dou dicas de como efetuar uma pesquisa genealógica.


Por Bárbara Ferreira
Gerente de Pesquisas do Diário